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Entre Voos

A vida também acontece entre voos, entre momentos, entre o ontem e o amanhã. "Entre Voos" é um espaço de sentimentos feitos palavras, onde se espera pela vida como por um voo na sala de um qualquer aeroporto...

Entre Voos

A vida também acontece entre voos, entre momentos, entre o ontem e o amanhã. "Entre Voos" é um espaço de sentimentos feitos palavras, onde se espera pela vida como por um voo na sala de um qualquer aeroporto...

14
Dez15

Nos meus sonhos, encontramos nos olhos um do outro a razão para nos atrevermos a amar novamente...

Entre Voos

 

Cansado de mais uma semana alucinante de trabalho e reuniões sucessivas, no momento em que ao deitar fecho os olhos, rapidamente escorro com uma felicidade antecipada para o mundo de sonhos onde invariavelmente te encontro...

 

Nos meus sonhos és feliz. Enquanto caminhamos de mãos dadas pela areia desta praia que em tempos recolheu mais lágrimas tuas do que devia, somos felizes… Nos meus sonhos olho para ti e revejo em câmara lenta, outra e outra vez, os segundos preciosos que partilhamos, sentindo na forma como o sol brilha nos caracóis do teu longo cabelo de ouro, que és feliz. Nos meus sonhos oiço os sons perfeitos que emolduram o teu riso dobrado, radiante, e sinto que o meu olhar te conquistou novamente e que os teus lábios resplandecem perto dos meus…

 

Nos meus sonhos sou eu quem alivia a dor que insistes em suportar sozinha no penoso arrastar dos dias frios... Nos meus sonhos, nunca ninguém ganhou o que quer que fosse fugindo: nem paz, nem a si próprio. Nos meus sonhos encontras em mim a tranquilidade que abraça a tua completude, que sublinha o teu sorriso... Nos meus sonhos compreendo as razões do teu coração, compreendo as palavras e textos e lágrimas e abraços e amor que fazem de nós mais do que apenas duas pessoas que se amam…

 

Nos meus sonhos vejo-me a segurar, protetor, a tua mão pequena e macia dentro da minha, enquanto, juntos, lançamos para a Fonte de Trevi uma moeda com a qual prometemos o nosso futuro. Nos meus sonhos beijamo-nos rendidos à inevitabilidade do universo, como nos romances do Nicholas Spark. Nos meus sonhos, as lágrimas que caem dos teus olhos são lágrimas de céu, lágrimas de azul, lágrimas de sol e felicidade.

 

Nos meus sonhos, encontramos nos olhos um do outro a razão para nos atrevermos a amar novamente... Nos meus sonhos eu consigo preencher o teu sonho… Nos meus sonhos és feliz… e isso basta para me fazer feliz….

 

 

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10
Dez15

Tímidas promessas de sol...

Entre Voos

 

 

Estranhamente, o sol tinha-se escondido atrás de um céu cinzento, fazendo esquecer o dia ensolarado de ontem. Podíamos quase sentir a gotas de água a conspirar, a prepararem-se para desabar durante a manhã, fazendo jus a mais uma manhã de outono, para lá das janelas grandes do meu quarto. Acordei satisfeito, desfrutando antecipadamente do encontro que tinha para depois do almoço. Sorri… Demorei-me um pouco mais por entre os lençóis, imaginando a conversa, ensaiando perguntas e respostas como se fosse a primeira vez que sairia com alguém e, ao mesmo tempo, sem conseguir esquecer o seu perfume…

 

Vi-a ontem, novamente. Já a tinha visto por ali algumas vezes, elegante, confiante, ajeitando o longo cabelo de caracóis loiros com uma mão, os dois filhos pendurados na outra, caminhando como se toda a vida se tivesse preparado para desfilar para mim… Ou assim eu achava. De qualquer modo nunca tinha tido a coragem de lhe dirigir mais do que um “bom dia” ou “boa tarde” tímido, sorridente mas comedido, aquele tipo de cumprimento entre pessoas que sabem que só se encontram naquele mesmo sítio e que, mesmo sem se conhecerem bem, sentem que poderiam facilmente ser amigos e, quem sabe, talvez, construir uma história bonita sobre duas pessoas que se conheceram casualmente porque frequentavam a mesma esplanada ou davam aulas na mesma escola…

 

Sobressaltou-me com uma voz quente, sensual, com um inesperado “Posso ajudar?” quando eu olhava para as palavras cruzadas, e pensava para mim que naquele dia ela estava demorada… “Olá, ainda bem que chegou, estava a sentir a sua falta!” deveria ter dito… mas saiu-me um gaguejado incompreensível, do género “Não, tudo bem, sim, quer dizer, obrigado, estava só a tentar as palavras cruzadas, já agora bom dia, quer tomar café, ou se calhar já tomou, naturalmente…”, - parvo não sabes o que estás a dizer, que figura, pensei - ao que ela me respondeu, com um olhar compreensivelmente desconcertado: “Peço desculpa, não entendi, o barulho...” ao mesmo tempo que me tocava o braço com a sua mão durante um momento que me pareceu uma eternidade deliciosa, em que os meus olhos puderam tocar os dela e encontrar uma paz há muito procurada… “Eu é que peço desculpa!” – respondi mais recomposto e seguro – “Quer tomar um café?”

 

Perante a impossibilidade do momento, sugeriu que tomássemos café no dia seguinte, depois de almoço, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Concordei de imediato, satisfeito, sem conseguir evitar que um sorriso me chegasse aos lábios, e levantei-me. “Vai sair da escola, descer a rua?”, perguntei enquanto dobrava o jornal…

 

E depois falámos do tempo de outono, do prazer de aconchegar a roupa ao corpo para nos protegermos do frio, da forma como a vida louca quase não deixa tempo para que nos possamos conhecer, do gato “Pompeu” que lhe faz companhia em casa (enquanto eu guardava para mim a imagem do meu pastor alemão), do facto de já nos termos visto algumas vezes naquele local (enquanto eu guardava mais uma vez para mim que era por causa dela que as minhas manhãs começavam com o pequeno almoço ali no bar), falámos do último filme que cada um viu e de outras coisas sem sentido que trouxe para a conversa apenas para poder continuar a ouvir a sua voz e sentir a atração do seu perfume, apenas para ouvir o seu riso e observar a forma como os seus olhos se fechavam ligeiramente e de forma cativante enquanto se ria e abanava a cabeça, com os seus caracóis loiros a ondular ao sabor da brisa de outono…

 

“Ainda é cedo, não há pressa, é sábado e o nosso café é só depois de almoço!”, pensei, enquanto me decidia a levantar da cama. Despi as confortáveis calças do pijama, a T-shirt verde escura e, a caminho do banho, coloquei a tocar os "The Verve" no iPhone, enquanto as primeiras gotas de água caiam lá fora e eu sentia renascer dentro de mim sensações há muito esquecidas, como tímidas promessas de sol…

 

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07
Dez15

Os resquícios que deixaste no baú dos nossos dias felizes...

Entre Voos

 

 

Dizem que, quando nascemos, nos é dada a possibilidade de experimentar dois ou três milagres, talvez quatro, com sorte, e que isso acontecerá algures ao longo da nossa existência... Mas a vida não é um exercício de estética: não se pode voltar atrás para corrigir palavras, vírgulas, nem para substituir ou alterar parágrafos para o texto ficar mais interessante... A vida não é sempre perfeita, de chão limpo, gavetas com as roupas simetricamente arrumadas, a face bonita com olhos retocados com rímel, as refeições à luz das velas, o ramo de rosas vermelhas em que cada uma conta uma história, o sexo incendiado, o amor tranquilo, os gestos acertados em cada momento, o beijo do tamanho da eternidade… A vida acontece pura e simplesmente: abraça-nos, despenteia-nos, agride-nos, ama-nos, eleva-nos, açoita-nos, mima-nos, leva-nos por bons caminhos, noutras vezes por dolorosos caminhos, mas todos eles percursos que se fazem caminhando, tentando, acreditando e melhorando, ora gritando de alegria, ora em recolhido silêncio e paz…

 

O nosso caminho foi... foi o nosso caminho: irrepetível, irretocável, foi o que foi, nem melhor nem pior do que deveria ter sido, foi exatamente perfeito na medida daquilo que todas as nossas opções fizeram dele. E nessa singularidade foi fantástico, maravilhoso, intenso, total, louco, belo, completo... Não foi por acidente que assim foi, mas por opção. Nesse voo fantástico o nosso abraço foi constante, cúmplice, de confiança mútua nas decisões que tomámos, de mãos dadas nas descobertas que fazíamos e, de facto, foi uma viagem incrível :o)

 

Na vida as palavras não são sempre certas (ahh, as histórias perfeitas na tua pele…), a música não é sempre ajustada (ahh, a doçura melodiosa da tua voz…), o momento não é sempre o melhor (ahh, o teu beijo sempre oportuno…). A vida são as nossas escolhas, as nossas decisões, as nossas aproximações e afastamentos, a nossa alegria e a nossa dor. São os amigos, os filhos, as hesitações, as certezas, as indecisões… Viver é também deixar lugar ao tempo, à paciência, ao crescimento, é acreditar que fazemos o melhor que conseguimos em todos os momentos… Mesmo quando uma parte de nós tem de morrer para salvar outra, tudo vale a pena: se salvamos a parte mais importante em nós, salvamos o mundo todo. Se uma parte de mim tem de morrer para te salvar, pois seja, salvarei o mundo todo...

 

Por isso, quero dizer-te que eu não sou apenas as palavras que escrevo. Sou mais que isso: sou imperfeito (mas todos os dias procuro o meu melhor!), incompleto (sempre que estou longe de ti!), cometo erros (mas tento novamente e com mais afinco!), sou emoção (e como te amo...) e ações (lembras-te de tudo o que fizemos juntos?)... Sou mais que as palavras que escrevo... Dizem, de facto, que quando nascemos nos é dada a possibilidade de experimentar uns poucos milagres e que isso acontecerá algures no caminho da nossa existência... O milagre dos filhos (claro, a douçura e o deslumbramento!) e o milagre do amor (tão completo, tão raro...). Sei hoje que foste o meu milagre de amor e estou-te grato: amo-te na perfeição de todas as tuas imperfeições, rendido aos resquícios que deixaste no baú dos nossos dias felizes...

   

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03
Dez15

Árvore de Natal (ou amar-te hoje como se te fosse perder amanhã...)

Entre Voos

 

Acabei de fazer a árvore de Natal e estou satisfeito com o resultado. Na realidade todos os anos faço a mesma coisa: aquelas cinco árvores estilizadas, um enfeite de Natal prateado e as habituais luzes azuis que piscam tão devagar como os meus olhos faziam quando te viam a entrar cá em casa, na tentativa de prolongar para sempre aquele instante mágico... Não gosto menos dela pelo facto de a fazer da mesma maneira todos os anos. Na verdade, a familiaridade das suas formas conforta-me sempre que chego a casa. Da árvore, quero dizer.

 

Mais um ano passou e o tempo cobrou o seu tributo de forma regular e implacável… Este ano tenho mais espaço vazio ao lado da árvore. Este ano tenho menos prendas, menos abraços, menos beijos para distribuir. A árvore continua igual, plástica e brilhante, mas a roda do tempo deixou o seu rasto bem definido dentro de mim, gravado entre textos plangentes e memórias felizes…

 

Por vezes esquecemos que não passamos de borboletas brilhantes que saíram de um casulo neste planeta minúsculo, perdido na vastidão de um Universo em expansão, uma anomalia classificada como milagre pela improvável possibilidade de, sequer, existirmos… Agitamos as asas e pensamos que voamos, que controlamos o nosso voo quando, afinal, estamos apenas a ser impelidos pela brisa indulgente que antecede o rigor do temporal… Na realidade, deslocamo-nos entre voos descoordenados, insistindo em designar “para sempre” o raro instante efémero em que os nossos olhos encontram um sorriso e, nesse breve sopro, conseguimos voar de forma síncrona num mundo fundamentalmente assíncrono…

 

Com um aperto de melancolia no coração, olho para a árvore de Natal para confirmar que está tudo no sítio e, no entanto, falta tudo… Tudo desapareceu demasiado depressa, sem aviso, como quando queremos agarrar aquela água na concha das nossas mãos e ela teima em se escapar por entre os dedos… Apesar de tudo, sei que te amei em cada "hoje" como se soubesse que "amanhã" te perderia para um temporal de sentimentos que nós, borboletas que mal sabíamos voar, achámos irremissíveis ao olhar para o casulo que deixámos para trás… Acendi as luzes, azuis, que decoram a árvore, e sinto que piscam devagar, com saudade... brilham, mas não conseguem iluminar este imenso espaço vazio…

 

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01
Dez15

Carta à última mulher da minha vida...

Entre Voos

 

Olá :o). A mais de 10 km de altitude, no voo que me trará de volta a casa, escrevo-te esta carta por ter a certeza que serás a última mulher da minha vida. Não sei se me consegues ouvir ou ler daí, desse sítio para onde foste, mas mesmo sabendo que há palavras que nunca chegam ao seu destino, nada me impedirá de soltar estas certezas ao vento. A vida também acontece entre voos, entre momentos, entre o ontem e o amanhã. Quem sabe se, um dia, após a demorada travessia pela solidão anónima das salas de espera onde vivem, estas palavras te encontrem e te façam sorrir com o mesmo carinho com que as escrevi para ti.

 

Não sei que futuro nos reserva o destino, mas sei que um dia, neste ou noutro tempo, voltaremos a estar juntos. Na doçura de cada palavra sussurrada, em cada gesto aconchegado por um abraço apaixonado, há um número incomensurável de futuros possíveis e, mesmo esses, são multiplicados por um simples piscar de olhos quando o sol se reflete no teu cabelo comprido, ou pelo fluir das emoções intensas sempre que as nossas mãos se tocam pela primeira vez em cada manhã, ou mesmo pelo instante a mais em que demoro a respiração quando, arrebatado, observo os milagres quotidianos que constróis. Mesmo assim, e apesar dessa vastidão de possibilidades, sei sempre onde quero estar: contigo.

 

Fazes-me falta, sabes? Sinto falta da tua presença pacificadora, pura, todos os dias. Sinto falta de dizer, à noite, ao deitar, que te amo. Sinto falta de acordar ao teu lado para te dizer, nas primeiras palavras que ouvirás ao acordar, que te adoro, que és uma mulher fantástica mesmo quando tens o cabelo despenteado e as marcas do lençol no teu rosto perfeito. Quero beijar os teus lábios doces no final de cada dia de trabalho e dizer-te que estás deslumbrante e que te desejo. Quero estar na tua cozinha a colocar a mesa para cinco enquanto preparas o jantar e falamos sobre as pequenas grandes coisas do dia. Quero estar ao teu lado quando ficas frustrada porque não consegues “chegar” a um aluno teu. Quero abraçar-te para te dizer com ternura que, apesar das dificuldades, tudo vai ficar bem. Quero fazer-te sentir, todos os dias, o privilégio que experimento por estar ao teu lado. Quero dizer-te que sei que és um anjo na minha vida e na nossa família...

 

Em todos os futuros possíveis do meu “hoje”, és a única certeza e, se depender de mim, em cada presente nunca haverá lugar para um único “tarde demais”. Quero que saibas que todas as manhãs te escolho a ti, para amar, mesmo quando aquilo que nos separa parece irremediável. Se for essa a tua vontade, irei contigo para onde quer que vás e, nessa altura, irei dizer-te todos os dias, olhos nos olhos, segurando nas tuas mãos de veludo, que és a última, que és a mulher da minha vida e que sou feliz...

 

GMT

1 de Dezembro, 2015

 

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