Linda...
Hoje imaginei-te a chegar à pequena mesa do café onde me sentei para tomar o pequeno almoço… Chegarias linda, sorridente e elegante, como sempre. Trarias a luz do sol no olhar e a primavera no calor nos teus lábios de mel. Falarias de tudo e de nada e eu, feliz, escutaria o trinado melodioso das aves no céu, adivinharia o fresco dos regatos nas montanhas, experimentaria na pele o acordar sensual que a tua voz sempre me provocou e, depois, sentar-me-ia numa nuvem contigo…
Pedirias um chá de rooibos e eu um chá preto… Afastarias do rosto, distraída, uma madeixa do teu cabelo loiro e eu renasceria ali, no quadro que a manhã pintaria para nós: a luz matinal a entrar pela janela do café, o cheiro a pão acabado de cozer, as vozes sumidas das conversas nas outras mesas, eu e tu sorrindo tranquilos numa manhã insuspeita, um encontro fortuito, um mundo novo, de novo…
Ficaria ali eternamente, deliciado, trocando novidades contigo… O tempo ficaria suspenso nos gestos espontâneos que as tuas mãos delicadas fariam, eu alimentado pelo brilho dos teus olhos, tu beleza pura, eu a procurar-te nos silêncios das frases que não quererias dizer, tu a baixares os olhos para calares com um sorriso tímido as palavras ternas que eu te diria…
Chegarias linda e ficarias por ali como se todas as manhãs tomássemos o pequeno almoço naquela mesa, naquele café… Sairíamos juntos, como sempre fomos, caminhando serenos, lado a lado, tu a fazeres-me feliz, eu a fazer-te sorrir, nós a tornarmos o mundo mais cintilante e depois, por determinação do universo antigo, o teu perfume não mais se ausentaria da minha pele…