Imobilidade...
E se nunca mais nos conseguirmos encontrar por eu não estar, naquele exato momento, no sítio onde a tua memória de nós te levou? E se ao me demorar a tomar um café com alguém, tu passares e não vires a tristeza nestes meus olhos que sempre foram teus? E se, enquanto na minha varanda leio um dos vários livros que comprei para me alhear da tua ausência, tu estacionares o carro no sítio habitual da minha rua, olhares cá para cima, e eu não te vir? E se quando formos às compras ao mesmo sítio, tu entrares num corredor enquanto eu saio pelo outro imediatamente a seguir perdendo, por uns míseros centésimos de segundo, a luz com que os teus olhos me resgatariam? E se eu estiver de costas pensando em ti, a olhar a vitrina da loja onde comprei o perfume que um dia te ofereci, e tu passares sem me reconhecer?...
E se eu te vir com o teu grupo de amigos e tiver de me afastar de olhos no chão, para esconder a saudade que me invadiu, antes de te poder ver a procurar o meu rosto na multidão? E se eu ficar aqui sempre, sem me mexer, e nunca vieres bater a esta porta por um infundado receio que seja outra pessoa a abri-la, mesmo quando sabes que só tu existes em mim? E se um dia acordares com saudades minhas no teu coração, vieres até esta página e encontrares este post que eu fiz para ti? E se nesse dia eu acordar um pouco mais tarde e tiver recebido uma mensagem tua a convidares-me para um café?...