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Entre Voos

A vida também acontece entre voos, entre momentos, entre o ontem e o amanhã. "Entre Voos" é um espaço de sentimentos feitos palavras, onde se espera pela vida como por um voo na sala de um qualquer aeroporto...

Entre Voos

A vida também acontece entre voos, entre momentos, entre o ontem e o amanhã. "Entre Voos" é um espaço de sentimentos feitos palavras, onde se espera pela vida como por um voo na sala de um qualquer aeroporto...

21
Dez15

Conquistando a eternidade na luz dos teus olhos, oferecendo-te a minha vida num sussurro quente...

Entre Voos

 

 

Não consegui voo mais cedo, pelo que cheguei ao hotel passavam já das 22 horas locais. Cansado mas ainda sem sono, decidi subir até ao bar no último piso deste elegante hotel, onde nunca tinha pernoitado. Como habitualmente, o ambiente das conversas amenas e da música calma criam o ambiente que me arrasta para os acontecimentos dos últimos dias, quando fechaste a porta de casa com estrondo, ameaças e palavras duras... tão duras quanto a dor que sentias... Rejeitaste o meu olhar de incompreensão, afastaste as minha mãos estendidas que esperavam em vão o teu abraço de conciliação, obrigaste-me a parar nos lábios as palavras ébrias de amor que afloraram do meu coração e erigiste um muro de silêncio e esquecimento entre nós… Quantas palavras proferi em vão do lado de fora desse muro alto, palavras que precisei de te dizer na conversa que nunca chegámos a ter…

 

Se há alguém no mundo que me sabe de cor, de facto, és tu… Conheces o calor da minha pele e todas as suas imperfeições, sabes qual a verdade das minhas alegrias e a razão dos tormentos do meu coração, conheces as tonalidades da minha luz e todas as sombras e vincos da minha alma… Tu conheces o meu verdadeiro nome desde um tempo tão antigo que nem sequer há lugar para ele na memória das palavras, senão na luzência das nossas almas ou no toque pacificador que os nossos dedos geram quando percorrem o rosto um do outro, demorados e paradisíacos, faiscando de reconhecimento nos sentidos há muito adormecidos… E na tentativa de clarificar quem e o que somos, não há adjetivos nem substantivos que o consigam expor. Procuro na dissimulada comodidade das palavras a definição daquilo que só no mais fundo do nosso coração se encontra: a essência e a razão do brilho nos meus olhos quando penso em ti… Só o coração pode definir-nos e fá-lo de forma exemplar quando bate dentro de um peito que não é o nosso...

 

Sim, bem sei que já não habito em ti e que às nossas almas não será dada oportunidade de edificar novas memórias: não descobriremos novas rotas para navegar no infinito daquilo que somos, não criaremos novos dicionários de amor e mesmo as palavras que ainda perduram apenas deixam a sensação de nos termos olvidado de qualquer coisa marcante que, apesar de tudo, não conseguimos identificar...

 

Assim, contigo a ocupar o meu pensamento, pedi um whisky sem gelo, desejando estar aí abrigado na cama de nuvens e algodão doce que é o teu coração, desejando estar na tua sala, imaginando a lareira acesa onde a madeira crepita e enche o ar com cheiro de alegria e família, nessa confusão de barulhos, prendas, papel de várias cores e brincadeiras de miúdos, desejando estar nessa sala, agora, neste preciso instante, para me aproximar de ti de forma tranquila mas decidida, forçando o tempo e o barulho a pararem, só tu e eu existimos, eu sem tirar os meus olhos dos teus, tu alargando o bonito sorriso que emoldura o teu rosto enquanto me observas a aproximar, até chegar bem perto e te abraçar pela cintura fina... Depois balançar-nos-íamos numa dança lenta, quase parada, ao som de uma música que só nós dois ouviríamos, abraçando-te com a certeza de quem se apaixona todos os dias pela primeira vez pela mesma mulher, por ti, acariciando o teu longo cabelo, embriagando-me no perfume que dele emana, roubando aqui e ali mel aos teus lábios, conquistando a eternidade na luz dos teus olhos, oferecendo-te a minha vida num sussurro quente, junto ao teu pescoço perfeito: "Adoro-te tanto... Feliz Natal."

 

 

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17
Dez15

Na quietude notívaga das horas de insónia onde regularmente te encontro...

Entre Voos

 

Chove. A noite quedou-se de mansinho ao meu lado. Não dei pela sua chegada, mas trouxe consigo tempo e memórias para partilhar. Sirvo-me de um James Martin’s sem gelo, como sempre, e coloco Bach a tocar para mim, a tocar para nós. Deixo que os acordes, tão familiares como o teu perfume, pintem progressivamente a sala de estar e me conduzam para o sofá onde a tua ausência nos acompanha. Penso-te: tanta coisa por dizer...

 

Falar-te-ia do matinal acordar etéreo dos grãos de pó, hipnóticos, numa dança harmoniosa, contínua, sustentada pela desafinação aparente dos seus movimentos que, no meu quarto ainda obscurecido, procuram os raios de luz que vencem as frestas da persiana semiaberta e se espraiam nos lençóis desalinhados da cama onde a forma do teu corpo, já acordado, reclama o espaço das noites loucas e das manhãs aninhadas em abraços cúmplices…

 

Ou do beijo apaixonado de "até logo" soprado pelos teus olhos, num gesto tão genuinamente belo e naturalmente distraído como a espessura incomensurável do nada que delimita uma bola de sabão multicolor que rodopia, única, robusta, na momentânea existência de quatro eternos segundos para, dali a pouco, nos salpicar de alegria agridoce da sua história, da sua partida…

 

Ou da felicidade desenfreada, simples e verdadeira, que sentimos quando passeamos os dois de mão dada, que transborda do riso das crianças que correm atrás dos pombos na praça da vila, só porque sim, só porque apetece naquele instante abandonarmo-nos à existência sem planos, a ser felizes ali, ao lado daqueles nossos amigos acabados de conhecer e que serão os nossos melhores amigos para toda a vida que existe entre o ali e o final daquela correria, que abraçaremos ao cortar a imaginária linha da meta ao pé do banco de madeira pintado a verde, no limite da praça, vencedores, ofegantes, abraçados, ruidosos, como se tivéssemos acabado de viver a aventura mais significativa de toda a nossa existência, naquela praça, naquele instante, único, eterno, apaixonados…

 

Ou do arrepio que os meus lábios quentes provocam na tua pele macia, como a carícia de uma brisa fresca no final de uma tarde de verão, à beira mar, na praia onde te levei para me declarar eternamente teu, para te entregar o que de mais sagrado e mais profano tenho, naquela praia onde quis parar o tempo para nos demorarmos a olhar aquela cascata perfeita, para ficarmos ali, perpetuamente ali, de vidas dadas, naquela praia onde a leveza das tardes é prometida na espuma do mar que adorna o teu corpo nu, onde a certeza das noites loucas transparecem no olhar desafiador com que me despes, e onde a firmeza do amor só encontra paralelo na robustez das falésias que, sem idade, nos rodeiam e protegem…

 

Ou da paz tranquilizadora que me invade no voo do flamingo que aparece, em câmara lenta, no sorriso sincero que se desenha progressivamente no teu rosto quando me apanhas a olhar para ti, eu inebriado pela doçura dos gestos quotidianos enquanto preparamos o jantar e conversamos sobre coisas simples, eu cativado pela fluidez graciosa da tua serenidade, da tua esperança, da tua força, eu conquistado ao lugar certo de todas as coisas na tua vida...

 

Ou do som cristalino e sempre renovado das gotas de chuva lá fora, ao princípio da noite, com o lume a crepitar na lareira da sala e dois copos de vinho tinto esquecidos na pequena mesa de apoio enquanto nos amamos lentamente, olhos nos olhos, para lá da pele, para lá do corpo, para lá do tempo, no lugar mágico onde as almas se encontram e partilham as memórias intemporais de um amor inevitável…

 

Ou do significado imenso contido na beleza geométrica de uma teia de aranha, tão frágil, tão resistente, como a vida, como os vínculos que nos ligam para sempre às pessoas que nos marcam, tão frágeis e, no entanto, tão resistentes, que perduram nas saudades, nos lugares, nos momentos, nas músicas, na quietude notívaga das horas de insónia onde regularmente te encontro e conversamos, choramos e rimos…

 

Falar-te-ia dessas horas suspensas onde nos encontramos por dentro, do amor que te tenho para sempre, da falta que me fazes na substância dos dias e da forma sempre inesperada como te despedes devagar, dissipando-te com a primeira claridade da manhã, deixando-me apenas com vestígios do teu perfume e sinais de um zimbro lacrimoso que me cobre o rosto e emoldura o copo já vazio que teimo em acariciar, distraído, na minha mão… Nenhum sopro de clemência existe no silêncio de quem se ama...

 

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01
Dez15

Carta à última mulher da minha vida...

Entre Voos

 

Olá :o). A mais de 10 km de altitude, no voo que me trará de volta a casa, escrevo-te esta carta por ter a certeza que serás a última mulher da minha vida. Não sei se me consegues ouvir ou ler daí, desse sítio para onde foste, mas mesmo sabendo que há palavras que nunca chegam ao seu destino, nada me impedirá de soltar estas certezas ao vento. A vida também acontece entre voos, entre momentos, entre o ontem e o amanhã. Quem sabe se, um dia, após a demorada travessia pela solidão anónima das salas de espera onde vivem, estas palavras te encontrem e te façam sorrir com o mesmo carinho com que as escrevi para ti.

 

Não sei que futuro nos reserva o destino, mas sei que um dia, neste ou noutro tempo, voltaremos a estar juntos. Na doçura de cada palavra sussurrada, em cada gesto aconchegado por um abraço apaixonado, há um número incomensurável de futuros possíveis e, mesmo esses, são multiplicados por um simples piscar de olhos quando o sol se reflete no teu cabelo comprido, ou pelo fluir das emoções intensas sempre que as nossas mãos se tocam pela primeira vez em cada manhã, ou mesmo pelo instante a mais em que demoro a respiração quando, arrebatado, observo os milagres quotidianos que constróis. Mesmo assim, e apesar dessa vastidão de possibilidades, sei sempre onde quero estar: contigo.

 

Fazes-me falta, sabes? Sinto falta da tua presença pacificadora, pura, todos os dias. Sinto falta de dizer, à noite, ao deitar, que te amo. Sinto falta de acordar ao teu lado para te dizer, nas primeiras palavras que ouvirás ao acordar, que te adoro, que és uma mulher fantástica mesmo quando tens o cabelo despenteado e as marcas do lençol no teu rosto perfeito. Quero beijar os teus lábios doces no final de cada dia de trabalho e dizer-te que estás deslumbrante e que te desejo. Quero estar na tua cozinha a colocar a mesa para cinco enquanto preparas o jantar e falamos sobre as pequenas grandes coisas do dia. Quero estar ao teu lado quando ficas frustrada porque não consegues “chegar” a um aluno teu. Quero abraçar-te para te dizer com ternura que, apesar das dificuldades, tudo vai ficar bem. Quero fazer-te sentir, todos os dias, o privilégio que experimento por estar ao teu lado. Quero dizer-te que sei que és um anjo na minha vida e na nossa família...

 

Em todos os futuros possíveis do meu “hoje”, és a única certeza e, se depender de mim, em cada presente nunca haverá lugar para um único “tarde demais”. Quero que saibas que todas as manhãs te escolho a ti, para amar, mesmo quando aquilo que nos separa parece irremediável. Se for essa a tua vontade, irei contigo para onde quer que vás e, nessa altura, irei dizer-te todos os dias, olhos nos olhos, segurando nas tuas mãos de veludo, que és a última, que és a mulher da minha vida e que sou feliz...

 

GMT

1 de Dezembro, 2015

 

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29
Nov15

Cheguei tarde a casa e, como sempre, tenho-te saudades…

Entre Voos

 

Cheguei tarde a casa e tenho saudades tuas… Amo-te, sabes? Sei que não sei escrever como ele, as frases certas, a métrica correta, as palavras cativantes, a sedução da ausência de uma história... Mas amo-te. Existe um silêncio enorme, palpável, à minha volta, mesmo quando rodeado de pessoas…. Levo os restos do nosso amor para a cama, para me aconchegar, como se de um lençol se tratasse, mas não consigo afastar o frio da tua ausência… Gostava de ter dançado contigo uma dança completa, poderíamos tê-lo feito pelo menos uma vez… mas nunca o fizemos… Gostava de ter rodopiado contigo cintada nos meus braços: que memórias teríamos agora? Que música nos teria envolvido? Que palavras teríamos sussurrado? Que beijo teríamos entregue aos lábios um do outro? Que promessas teríamos trocado? De que cor pintaríamos este nosso amor?...

 

Tenho saudades tuas… E a imagem dos nossos filhos passa-me pela janela dos olhos. Tenho a certeza que as sapatilhas deles alinhadas ao pé da nossa cama ainda te fazem sorrir tanto como da primeira vez… Um acontecimento não passa de um acontecimento até que alguém lhe dê significado e tu deste-nos significado, tempo, espaço e cores… E por isso pinto o nosso amor com a cor do riso quente dos nossos filhos enquanto se banhavam na cascata da nossa praia secreta, inocentes e felizes. Pinto o nosso amor com a cor do seu riso enquanto disputavam um lugar ao nosso lado para ver um filme, ou para poderem justificar a posse do primeiro crepe que fizemos. Pinto o nosso amor com a cor do que senti dentro de mim de cada vez que cheguei a casa e fui envolvido pelos cheiros familiares da vida, pelo som de passos a correr no corredor, pelo som da tua voz meiga ao me receberes, perfeita...

 

Tenho saudades tuas... E nos meus sonhos pinto o nosso amor com a cor transparente e quente das lágrimas que chorámos juntos ao entardecer naquela praia, depois de ter feito centenas de quilómetros só para te ver… Nos meus sonhos pinto o nosso amor com a cor da tua voz tranquila à mesa do café com o mar ao fundo enquanto, cúmplices, tomávamos o pequeno-almoço. Pinto o nosso amor com a cor do beijo que te dei nas pálpebras dos teus olhos de cristal e com a cor do arrepio que um toque dos meus dedos te provocava na pele nua. Pinto o nosso amor com o tom macio do teu longo cabelo de ouro e com a intimidade excitante do teu perfume. Pinto o nosso amor com a cor das nossas luxuriosas noites de sábado e com o azul plácido das manhãs de domingo em que te abriguei nos meus braços…

 

Tenho tantas saudades tuas... E pinto o nosso amor da cor das estrelas, lá longe, onde sempre te disse que os nossos nomes estavam gravados. Pinto o nosso amor da cor dos teus olhos, da cor da tua pele, da cor dos teus lábios, da cor do teu coração, da cor da tua bondade, da cor da tua força e da tua fragilidade… Pinto o nosso amor da cor do perdão e com os tons cuidados de um desejado regresso a casa no final de uma viagem demasiado longa… Pinto o nosso amor com todas as cores que faltam aos dias cinzentos… Pinto o nosso amor com as três letras que deixavas no final dos pequenos recados que escrevinhavas nos post-it colados no ecrã do meu computador: GMT.

 

Cheguei tarde a casa e tenho-te saudades… Sei que não sei escrever como ele, as frases certas, a métrica correta, as palavras cativantes... Mas tenho a nossa história e pinto o amor, como sempre o farei, com a cor do teu nome…

 

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27
Nov15

Ensinaste-me a ver de olhos fechados, sabes? Foi quando vi melhor e mais longe…

Entre Voos

 

 

“Ter-te foi como respirar pela primeira vez…” – confidenciou-lhe enquanto lhe agarrava as mãos dentro das suas… "Como o poderia descrever?" – pensou para si – "Não é fácil falar daquilo que nos forma ou do que nos dá forma." Fechou os olhos e pousou as mãos tão cheias de esperança, devagar, nos joelhos, enquanto tentava explicar-se: “Ensinaste-me a ver para lá do visível. Em ti descobri novos horizontes: cordilheiras de neve com picos inacessíveis; planícies verdejantes e cheias de vida; uma casa de madeira lá longe e um alpendre onde passar a tarde; emoções com a intensidade da vida toda; vi passado e futuro no brilho dos teus olhos; na palma das tuas mãos descobri mundos sem fronteiras e a minha alma desnudada… Contigo vivi coisas e escutei sonoridades para as quais ainda não foram inventadas palavras que as possam descrever…”, disse-lhe, deixando o olhar demorar-se para lá das janelas do café.

 

A chuva regressou mais forte, enquanto o cacau lhe aquecia as mãos frias do tempo… “O toque da tua pele não é apenas o toque de uma pele” – esclareceu – “mas o lugar certo onde moro e me abrigo, onde me visto, onde me prolongas a alma e perpetuas o desejo.”... Enquanto o olhar dele subia das suas mãos para encarar o rosto bonito que o fitava, continuou: “Os teus olhos não são apenas olhos que me veem, mas o rio onde mergulho e encontro a paz e tranquilidade que preciso, são um porto de abrigo. O teu beijo ensinou-me que esse simples ato pode ser mais que um tocar de lábios: é tanto a tempestade furiosa que me tira o fôlego, como a brisa refrescante que me sossega numa tarde de verão, enquanto descansamos abraçados numa cama de rede…”

 

“Que queres que te diga?...” – desculpou-se, para preencher o silêncio dela – “Quando a tua alma tocou a minha, foi aí que aconteceu… libertaste as minhas memórias... quer dizer, as memórias de um passado distante, as memórias de um amor mais antigo que o tempo, memórias do teu olhar apaixonado, dos nossos filhos nascidos e daqueles por nascer… a memória de uma lágrima quente a escorrer de alegria num sorriso teu, a memória de uma doce melodia transportada pelo teu riso, ou a textura de seda que as tuas palavras cuidadas entregam ao meu abraço.”

 

Afastou-se um pouco para trás quando ela lhe tentou silenciar as palavras nos lábios com dois dedos, para não se lembrar de quão macias as suas mãos conseguiam ser... Endireitou-se, inevitável, e continuou: “Ensinaste-me a ver de olhos fechados, sabes? Foi quando vi melhor e mais longe… Acho que é isso, o amor... E com o amor vem a fé e a esperança… Fé no que sentimos, esperança no que os outros sentem… És a linguagem com que o mundo me fala… És a forma do meu coração… E é isso que não te perdoo, sabes?: passar a vida ao lado da tua ausência... Não te perdoo por me teres ensinado a amar assim..." Depois, parecendo por momentos hesitar em tomá-la nos braços para a beijar, optou por citá-la, como se de um ponto final se tratasse: "Se não era para me fazeres voar, não me devias ter tirado os pés do chão!"...

 

Num relance, reparei que tocava no seu dedo anelar da mão esquerda, na aliança de prata, baça, que provavelmente tinham comprado juntos, num dia feliz... Retirou-a lentamente do dedo e colocou-a em cima da mesa, perto dela, como quem lhe pedia para não a receber de volta, como quem entregava ali a vida toda, como quem depositava ali o coração, rendido à mulher que amava... Passou ao lado da minha mesa quando saiu para o dia chuvoso, sem olhar uma última vez para trás e sem reparar no meu embaraço por inadvertidamente ter ouvido aquela conversa... Não me pareceu que ele a fosse esquecer nunca, a ela, à mulher da sua vida...

 

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