Noites de sábado...
“Domingo! Quero um amor como as manhãs de domingo… Como na canção, sabes?” – disse-lhe logo que entrou em casa… No aparador da entrada, o pequeno buda estava ladeado por duas velas acesas, enquanto à sua frente, lentamente, o incenso incandescente libertava a habitual fragância Nag Champa que ela me habituou a preferir e, na cozinha, a mesa estava já preparada e os castiçais acesos para o nosso ritual do jantar de sábado. Riu-se alto, levando a mão ao cabelo, sedutora como só ela sabe ser, fitando-me de cima dos sapatos pretos de salto alto, camisa branca suficientemente insinuante para eu perceber o sutiã que torneava os seus seios voluptuosos, a saia preta, justa, meias que deixavam adivinhar provocantes ligas, como ela sabia que eu adorava…
“Quero acordar tarde, com o cheiro do teu corpo a impregnar a minha pele, com os teus dedos interlaçados nos meus e um sorriso enorme no rosto! Quero a eternidade de um dia inteiro à nossa frente, tu ao meu lado, pequeno-almoço tardio, com crepes, Nutella e a confusão dos filhos, quero a promessa de uma tarde que te perpetuará no meu abraço, uma tarde de sol no parque ribeirinho, a tomar café e a olhar para ti, deliciado…” – reclamei, mas já a sorrir com a promessa denunciada pelos seus gestos…
Ela avançou para mim, desabotoando um botão da camisa, depois outro, e outro ainda… “Mas não hoje, certo?” – perguntou, desafiadora, enquanto me empurrava, explícita, para o quarto – “Hoje eu não te quero aí, deliciado, a olhar para mim... Não agora...” – continuou, mordendo o lábio inferior, deixando cair propositadamente a saia, materializando as ligas que idealizei, concretizando o meu desejo libidinoso… “Hoje quero-te para mim, hoje quero possuir-te, hoje quero usar-te para meu prazer… e, por favor, deixa a música a tocar…”
Não tirou os seus olhos dos meus enquanto, decidida, me desabotoava a camisa sem me deixar tocar-lhe… O calor do seu olhar acendeu-me o desejo como a sede que invade todos os sentidos de um náufrago. “Amanhã…” – sussurrou-me ao ouvido – “Amanhã teremos a nossa manhã de domingo… prometo… mas não hoje...” disse, enquanto o seu corpo nu, serpenteando, deslizava para cima do meu e, deliciosamente, me ensinava todas as variações do amor pecaminoso de uma noite de sábado…