Parabéns, meu “Huckleberry”...
O que mais me impressionou, desde cedo, foi o seu domínio da construção frásica, a forma como utilizava as palavras e o rigor do seu uso, sempre no sítio certo, a ironia no momento adequado… Impossível não notar o olhar vivo, sedutor, desafiador, a personalidade vincada, aquele "sorriso de um milhão de dólares", a curiosidade insaciável pelo saber, a paixão que dele transbordava ao ver um cão em qualquer sítio, ou o amor que o abraço dele - do tamanho do mundo - era capaz de nos transmitir…
Faz anos hoje, ele, uma outra parte de mim, um dos dois miúdos fantásticos da minha vida, o mais desafiador que já conheci, daqueles que nos leva ao desespero para depois nos resgatar com um olhar ou simplesmente vindo sentar-se ao nosso lado, abraçando-nos, pedindo desculpa com uma voz sumida e o olhar de anjo :)… Acredito que será recordado pelos seus amigos como um “Huckleberry Finn”, o amigo que os desafiou a atravessar o rio mais largo, a subir a árvore mais alta, a tentar sempre um pouco mais, talvez mesmo a fazer um dia de gazeta à escola, ou a entrar com os amigos lá em casa sem autorização da mãe :) A sua voz forte e rosto bonito, o ar decidido e deliciosamente convencido, são a marca deste furacão doce, postura amaciada com olhos meigos e um coração de ouro, herdados da mãe...
Soube desde novo que tinha um mundo para conquistar e, por isso, é o que faz melhor: conquistou a mãe, os amigos, os professores, a família, o irmão, os desafios… E conquistou-me a mim como só pessoas especiais o conseguem fazer: para sempre :o)… Não vou lá estar, ao seu lado, para poder desfrutar da sua alegria quando der o primeiro beijo de amor, mas consigo imaginar, também aí, a curiosidade com que irá percorrer os rios do afeto, a forma como se deliciará nas margens frescas da paixão, a entrega total aos olhos que o conquistarem, a sensibilidade e delicadeza na forma como lhe pegará pela mão e a guiará, numa jangada da qual se declarará capitão sem bússola, pelos caminhos - ora tranquilos, ora tumultuosos - do primeiro amor da sua vida, do amor que irá encher a mãe de alegria, saudade e orgulho, perante a evidência de que o seu pedaço de alma mais novo cresceu e se confirmou como uma pessoa tão especial e linda. Hoje o brilho que dele emana já tem, e sempre terá, a luz e os gestos da mãe, fantástica, que o ensinou (a ele e ao irmão) a atravessar com confiança os rios desta vida...
Obrigado pela boleia que me deste nas tuas primeiras jangadas, com a certeza que, sempre que tivermos uma palhinha na bebida à nossa frente, uma imensa saudade um do outro e uma enorme vontade de rir nos invadirá, mas que rapidamente tentaremos esconder para que ninguém repare e não necessitemos de explicar o porquê :o) Adoro-te, miúdo!... Tchim, Tchim! :o)